A música é uma fonte de prazer e bem estar. Os benefícios de tocar um instrumento estão comprovados cientificamente: alivia o stress, aumenta a concentração, melhora a coordenação motora e as funções cognitivas, cria novas linhas de pensamento. Mas também é verdade que a prática intensiva pode causar danos físicos, que se podem tornar crónicos. Um estudo realizado há uns anos indica que 80% dos músicos profissionais têm algum tipo de lesão resultante da sua atividade.
Se acham que os mais afectados são músicos de rock por serem mais dados a acidentes, estão muito enganados.O piano é um instrumento tecnicamente exigente, que pede tanto destreza como amplitude (micro e macro movimentos), e que implica enormes variações de dinâmica e intensidade. Os pianistas sofrem imenso, e tudo começa numa má postura.
Estar sentado muito tempo faz-nos mal, e estar mal sentado faz-nos pior. Ter uma postura correta é um dos segredos para uma atitude mais confiante e evitar problemas que parecem não ter nada a ver com as costas mas que se revelam noutras partes do corpo.
Como nos preocupamos com todos os pianistas que passam horas sentados à frente do seu piano porque adoram o que fazem, vamos partilhar alguns conselhos para que a vossa paixão não se transforme num suplício.
O banco
Vamos começar pela base. O banco do piano deve ser confortável, e regulável. A altura do banco deverá ser regulada de forma a que os vossos cotovelos estejam alinhados com as teclas. A distância a que estão do piano também é importante, nem demasiado longe nem demasiado perto. Se por acaso tiverem a tendência de se aproximarem demais para lerem a pauta, está na altura de irem a um oftalmologista. E usem apenas a metade do frente do banco para se sentarem, e não toda a largura. Se não conseguirem, precisam de um banco maior ou de fazer mais exercício. Se o banco for instável, a solução está aqui.
Costas
Os problemas de costas são a causa principal de baixas médicas no mundo inteiro. Podem afectar e limitar a utilização dos membros superiores e inferiores e, a longo prazo, criar patologias crónicas que se podem tornar incapacitantes. Agora que vos assustámos, vamos ver como podem evitar isso.
Estão sentados? Vejam como as vossas costas estão curvadas, para trás e para os lados. Se a vossa coluna vertebral está em espiral, respirem fundo e endireitem-se. Ao piano, alinhem o pescoço com a coluna, não atirem o queixo para a frente. Não só evitam pressões desnecessárias na espinal medula e nos nervos que afectam os braços, como a vossa pose melhora imenso. Tentem descontrair antes de começarem a tocar. Façam este pequeno aquecimento, por exemplo. Há mais exercícios para outras partes do corpo também.
Braços e pernas
Se as vossas costas estão relaxadas, não deixem a tensão acumular-se nos braços e nas pernas. Deixem os vosso ombros descaírem naturalmente, rodem os pulsos para os aquecer, abanem as mãos para soltar os dedos, até que estejam relaxados. Podem tentar esta lista de exercícios para uma aproximação mais metódica. As mãos não devem cair no teclado, mas a flutuar confortavelmente sobre as teclas. Borboletas, não abelhas. Mesmo que estejam a tocar “O Voo do Moscardo” do Rimsky-Korsakov.
As pernas também são importantes. Nunca as metam para debaixo do banco. Coloquem os pés nos pedais, com os joelhos num ângulo confortável. Sabemos que há muitos pianistas que não seguem estas recomendações, mas sabem quando eles estão a contorcer-se no banco e parece que estão mesmo a curtir a música? É tudo dores nas costas. Estamos a brincar, mas anos de má postura pagam-se caro.
Atitude
Não é uma questão física mas afeta o físico. Uma má atitude revela-se numa má postura. Vão para a rua, vejam as pessoas a passar e identifiquem quem tem uma boa ou má atitude. Como é que as identificam? Pela postura.
Uma boa atitude ao piano, ou em qualquer outro instrumento, implica desfrutar do que se está a fazer. A música é para nos fazer felizes, mesmo que estejamos a tocar o Noturno mais deprimente de Chopin. Uma boa atitude ajuda-nos a ultrapassar os nervos antes de uma atuação.
A raíz de uma boa atitude, seja o piano ou na vida, é a respiração. Fora de brincadeiras, a maioria das pessoas não sabe respirar. Respiram rápido demais. Inspirações curtas. Ou então desatam em expirações tão longas que não sabemos quando é que lhes vai faltar o ar e cair para o lado com hipóxia. Não é preciso fazerem meditação ou yoga para aprenderem a respirar melhor, podem usar os exercícios de aquecimento de voz para isso. Mas o yoga e a meditação ajudam bastante para se obter uma atitude equilibrada e, melhor ainda, invocá-la quando é necessária. Se gostam de algo mais violento, recomendamos a natação.
Uma boa postura tem resultados imediatos e evita problemas a longo prazo. É mais do que uma mera posição física, mas um modo mental. E aplica-se quer quando estamos sentados num banco de piano, como no resto da vida.
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